Muitas mulheres buscam alterar a textura dos fios, utilizando processos de alisamento capilar, as chamadas escovas progressivas. As que decidem relaxar o cabelo possuem fios encaracolados, ou seja, ondulados, crespos ou cacheados e buscam um resultado liso e sem frizz. 

A progressiva tem como objetivo o alisamento dos fios, por isso, ela também é identificada como um químico alisante. Os alisantes são produtos desenvolvidos para modificar a estrutura interna do fio, chegando até camadas profundas e alterando quimicamente sua estrutura.

O resultado deste processo são cabelos mais lisos, “relaxados” e soltos, mesmo após a lavagem, resultando em um efeito mais duradouro do que as ferramentas de calor como chapinha e escova proporcionam.

No entanto, todos os procedimentos químicos requerem cuidados para manter a saúde dos cabelos e como conhecimento é poder, entender como funcionam e o que fazem nos cabelos faz toda a diferença. Vamos lá?

O que é escova progressiva?

Escova progressiva é um cosmético grau 2 desenvolvido para efetuar transformação na textura dos fios, alterando as características naturais dos cabelos quanto a sua curvatura, deixando-os mais lisos e com menos frizz. 

As escovas progressivas, podem também ser encontradas com outras denominações pelos fabricantes, como definitiva, francesa, inteligente ou de chocolate. 

De acordo com a Anvisa, alisantes são produtos cosméticos que possuem capacidade de promover alisamento e amaciamento aos fios, de maneira mais duradoura, estando então, os fabricantes de progressivas, dentro do conceito de alisantes e tendo seus produtos enquadrados como grau 2. 

Os resultados da progressiva varia de acordo com o seu tipo de cabelo, mas geralmente um relaxante deixa o cabelo liso por cerca de seis a oito semanas e exigirá retoques de tempos em tempos, por conta do crescimento da raiz. 

Desta forma, a progressiva nada mais é do que uma química de alisamento dos fios e apesar de algumas delas perderem uma parte dos seus efeitos no decorrer do tempo, ela provoca uma alteração.

Como a progressiva age no cabelo?

Nosso cabelo é composto de milhares de cadeias de queratina. A queratina é importante para a sustentação e qualidade do fio. Quando falamos que o cabelo está fraco e quebradiço, estamos justamente falando sobre danos à queratina. 

A queratina reage entre si, determinando o tipo de curvatura de cabelo, ou seja, se ele é liso ou encaracolado. Sendo assim, a progressiva é um processo que atua diretamente na queratina dos fios, com o intuito de deixá-los mais lisos. 

As escovas progressivas começaram a ser desenvolvidas com o pH baixo, conhecidas como alisamento ácidos. 

No entanto, existem alguns alisamentos mais novos, denominados de progressivas alcalinas, que são na verdade, como os tradicionais relaxamentos com sódio e outros componentes de pH mais alto. 

A progressiva atua na queratina, alterando as pontes de enxofre dos fios. Elas dilatam os fios, enquanto quebram as ligações de estruturas dos cabelos, colocando-os em um novo formato com o auxílio de chapinha. 

Ao mesmo tempo, um filme é formado do lado externo, encapando-o promovendo mais brilho para os cabelos. 

Como é feita a aplicação da progressiva?

As progressivas possuem uma forma de aplicação necessária para ação dos componentes químicos. Por isto é super importante que a progressiva seja aplicada por um profissional habilitado.

O primeiro passo que a maioria das progressivas solicitam é o uso de um shampoo bem limpante, com alto teor de surfactantes e um pH 6 ou mais, com o intuito de fazer uma limpeza mais apurada e aproveitar para desalinhar a cutícula para melhor aproveitamento do produto. 

Depois disto, o produto é aplicado com pincel e um pente, sendo necessária uma distância de 0,5 cm do couro cabeludo. Isto é importante porque por possuir um pH muito baixo, a progressiva pode ocasionar danos no couro cabeludo. 

É necessário deixar agir por aproximadamente 1 hora, enxaguar e aplicar calor. O calor é muito necessário para deixar o cabelo liso ao final. 

Desta forma, é preciso fazer escova mecha a mecha e aplicar chapinha com temperatura alta, em torno de 10 vezes cada mecha. 

A proibição de progressivas com formol 

O formol (Formaldehyde) também é chamado de metanal, formaldehído, aldehído fórmico, metil aldehído, oximetileno, oxometano, formalina. Ele apresenta nomes comerciais como Karsan, Ivalon, Fanoform e Lysoform. 

O formol tem uso permitido em produtos cosméticos apenas com a função de conservante ou, no caso do formol, como endurecedor de unhas em produtos específicos para as unhas, conforme a resolução RDC nº 15/ 2013

Com esta finalidade, a vigilância sanitária fixou a concentração máxima de 0,2%, percentagem que tem ação de unicamente ser uma espécie de conservante de uma fórmula cosmética, sem capacidade de alisamento. 

Este é o máximo permitido pela lei para manter um produto cosmético a níveis aceitáveis de uso e evitar todos aqueles problemas que causa a sua pele e cabelos.

No entanto, o formol nas progressivas, para efetivamente ter efeito de alisamento, era inserido com uma concentração entre 10 e 20%. 

Nestas porcentagens, além do efeito de cabelo liso, foi identificado danos à saúde, principalmente respiratória, do cabeleireiro aplicador e da pessoa que alisa os cabelos. 

O formol representa riscos graves à saúde, tais como: irritação, dor e queimadura na pele, ferimentos nas vias respiratórias e danos irreversíveis aos olhos, a córnea e no couro cabeludo, resultando em quebra dos fios e queda agressiva dos cabelos.

Saiba mais: 

 

Outras substâncias proibidas nas progressivas

Oxoacetamide Carbocysteine e Oxoacetamide Amino Acids (Glyoxyloyl Carbocysteine e Glyoxyloyl Keratin Amino Acids) e cisteína (Cysteine), são ativos alisantes não permitidos no Brasil.

No momento, o Ácido glioxílico (Glyoxylic Acid) está em análise para uso nos produtos de alisamentos. 

Química no cabelo: o que tem na minha progressiva?

Procedimentos químicos para cabelo são bastante populares no país e é muito importante ficar de olho nos componentes que fazem parte destes produtos.

As escovas progressivas podem possuir ativos naturais como óleos vegetais, extratos e uma série de componentes, mas possuem um pH muito ácido, que é onde a alteração dos fios acontece. 

Além destes componentes é muito comum que as progressivas contenham ativos de estruturação dos fios. Estes ativos são queratinas, aminoácidos, que atuam fazendo um tratamento enquanto os fios são modificados. 

Desde que o formol foi proibido, empresas sérias têm buscado alternativas para substituir este químico nas progressivas.

O Proliss (Glyoxyloyl Carbocysteine, (and) Glyoxyloyl Keratin Amino Acids (and) Water) química patenteada pela Aqia, promete um maior alinhamento dos fios e brilho. 

Ela é composta por ácido glioxílico e queratina, porém o ácido glioxilico neste produto tem atestados comprovados de segurança.

Atualmente muitas escovas progressivas utilizam a substância Proliss como seu principal ativo de alisamento. 

As progressivas que contiverem qualquer substância derivada de ácido glioxílico, que pode ser encontrada com as nomenclaturas Glyoxyloyl Keratin Amino Acids ou Glyoxyloyl Carbocysteine, precisa apresentar um aviso no rótulo, alertando sobre o uso contínuo e possíveis alterações de cor dos fios ou queda de cabelos. 

Como avaliar se uma progressiva é segura?

É muito importante estar atenta se sua progressiva está devidamente regularizada na Anvisa, para evitar problemas. 

Todo cosmético para ser produzido precisa de uma indústria e um responsável técnico que pode ser um químico, farmacêutico ou cosmetólogo. A indústria, por sua vez, precisa ter uma autorização de funcionamento da Anvisa, AFE. O número da AFE consta na embalagem do produto. 

O próximo passo a verificar é se o produto possui um número de registro na Anvisa. 

Também na embalagem é possível verificar o número que é antecedido do termo “processo”. De posse deste número, você pode verificar no site da Anvisa se o produto é legalizado. 

Porém é bom estar atenta, pois empresas fabricantes de progressivas podem registrar seus produtos como máscara de tratamento, sem avisar para a Anvisa que se trata de um químico de alisamento, o que se configura crime, mas é comum e pode ser perigoso para a saúde de quem utiliza. 

Alguns salões podem adicionar formol no produto pronto para obter o efeito de alisamento. A adição ou manipulação de formaldeído seja no salão pelo próprio profissional cabeleireiro ou segundo o Infomoney, pela marca, após notificação na Anvisa é considerado crime contra a saúde. 

Os danos das progressivas aos fios

De acordo com uma matéria do Jornal da USP, os químicos ácidos provocam mais danos aos fios, pois chegam a camadas mais internas dos cabelos, apesar de promover mais brilho, pois selam mais as cutículas. 

A medida em que a progressiva ácida forma um filme no lado externo do cabelo, ela altera de maneira muito agressiva a parte interna. Este filme pode inclusive ocasionar ressecamento e quebra. 

Visto que o fio passa por um encapamento, ele também impede os tratamentos de máscaras e outros produtos de fazer o seu trabalho, aumentando o ciclo de cabelo ressecado. 

Produtos com pH de 2,5 para baixo, devem passar por testes de segurança na Anvisa e vir com aviso de produto corrosivo. 

Existe escova progressiva orgânica? 

Estamos enfrentando um momento em que a cosmética natural passou a ser mais valorizada e muitas mulheres que ainda fazem progressivas, têm procurado alternativas naturais e orgânicas às progressivas tradicionais. 

Seguindo esta tendência, é muito comum você encontrar as chamadas progressivas veganas, orgânicas ou naturais, que atraem muitas pessoas com a promessa de menores danos. 

É verdade que muitas progressivas possuem ativos naturais em sua composição a fim de efetuar um tratamento, enquanto as alterações internas nos fios são efetuadas com as substâncias químicas de alisamento. 

No entanto, a chamada progressiva orgânica é um produto de alisamento convencional, com ativos vegetais em sua composição. 

Não são estes ativos vegetais orgânicos que alisam o cabelo, mas as matérias-primas de alisamento tradicionalmente conhecidas que fazem este papel.

Não existe alisamento natural. Para alterar a estrutura do córtex do fio, é necessária uma substância química desenvolvida para esta finalidade. 

Qual a diferença entre progressiva e botox?

Quando surgiu o botox capilar, ele foi desenvolvido como um tratamento para reduzir o frizz, alinhando os cabelos, nutrindo profundamente e fazendo uma reconstrução capilar, sem a função de alisar. 

Ou seja, era considerado como máscara mais potente. 

No entanto, ativos ácidos foram incluídos na composição dos botox, o que fez com que muitos deles se tornassem como as conhecidas progressivas, alterando de maneira permanente os cabelos. 

Qualquer procedimento com a função de alterar estruturalmente o fio, “soltando os cachos”, relaxando os cabelos ou alisando completamente é considerado produto de alisamento.

É muito importante conhecer a composição química do produto caso você vá a um cabeleireiro, pois muitas vezes você vai ao salão fazer um tratamento e sai com ele liso. 

Caso isso aconteça, você terá que aguardar novamente o crescimento do cabelo natural e passar por todo o processo de transição capilar.

As substâncias químicas presentes no atual botox capilar são o ácido glioxílico ou formaldeído (formol). Como dito, este se torna um produto de alisamento que altera as pontes dissulfídicas dos fios, modificando a sua estrutura natural. 

Se sua busca não é alisar os cabelos, botox capilar não é uma boa escolha. 

Segundo o R7 a Anvisa já proibiu 5 tipos de alisantes diferentes que não se vendiam com a promessa de alisar os fios, como o Botox da marca Forever Liss Professional, mas que continham alguma substância proibida, como o formol. 

Hoje em dia é muito difícil identificar potenciais alisantes em produtos botox, tornando um produto similar às progressivas.

 

Qual a diferença entre progressiva e Selagem Capilar?

A selagem é um tratamento criado aqui no Brasil à base de queratina (proteína similar a que compõe a fibra capilar), que tem a função de “fechar” as cutículas do fio (ou seja, ela sela a estrutura), quando elas são danificadas por processos químicos, como alisamentos e tintura. 

A selagem tem como função disciplinar os fios, diminuindo o frizz, promovendo mais resistência à quebra e brilho. No entanto, assim como o Botox, existem substâncias de alisamento ácido contidas nestes produtos. 

Inclusive, se o produto não for licenciado, ele pode conter em sua formulação, além da queratina, o formaldeído que além de alisar o fio pode acabar se tornando perigoso. 

Muitas progressivas contêm em sua composição a queratina, desta forma selagem e progressiva podem ser muito similares. 

Não é recomendado Alisante capilar em crianças

Os produtos destinados para alisamento capilar já são perigosos para o uso adulto, portanto não é indicado a aplicação de alisantes capilares para uso infantil. 

Até o momento, a Anvisa não possui qualquer liberação de produtos cosméticos com a função de alisamento para crianças. O uso de alisante capilar em crianças é proibido e causa riscos à saúde. 

Também não é indicado a aplicação de progressivas, selagem ou botox capilar em gestantes e lactantes.

É muito importante incentivar as crianças a amar o próprio cabelo, mostrando referências e conversando o quanto são bonitos. Isto é uma revolução da estética que está em nossas mãos. 

Outras substâncias permitidas para alisamentos

Todos os alisantes, inclusive os importados, podem conter substâncias de uso proibido ou restrito a certas condições e concentrações. Não existe alisamento permanente sem substâncias químicas que adentram ao córtex capilar (área mais interna) 

Existem substâncias alisantes permitidas pela Anvisa (estabelecidas as condições e restrições de seu uso). São elas:

  • Tioglicolato de amônio;
  • Hidróxido de sódio;
  • Hidróxido de potássio;
  • Hidróxido de cálcio;
  • Hidróxido de lítio;
  • Carbonato de guanidina / hidróxido de guanidina.

 

 

É extremamente importante que o uso de químicas de transformação capilar como alisantes, sejam aplicadas por um profissionais cabeleireiros habilitados, para que o procedimento ocorra da melhor forma. 

Ele será capaz inclusive de avaliar se o cabelo está apto a receber a química, fazendo testagem de mechas em pontos específicos e verificando incompatibilidades com outras substâncias químicas que possam existir nos cabelos.

Com isto, situações como quebra e queda são mais reduzidas e seu cabelo ficará mais saudável.

Cabelo com progressiva é mais fácil de tratar?


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Ter cabelos quimicamente alisados não é uma tarefa “fácil”, você nunca sabe como os seus cabelos ondulados, cacheados ou crespos irão reagir ao calor intenso das pranchas ou mensurar se haverá mais ou menos danos causados ​​pela progressiva. 

Ao contrário do que a maioria pensa, o cabelo com progressiva ou qualquer outro tipo de relaxamento, precisa de atenção especial. Por fora, ele parece brilhoso e bonito, mas ele está frágil, com oleosidade exacerbada no couro cabeludo. 

A aparência faz com que muitas pessoas abram mão dos tratamentos e fiquem no “lavou, tá pronto!”. Muitas mulheres usam somente shampoo e condicionador e continuam utilizando ferramentas de calor após o alisamento, sem uso de protetores térmicos. 

Portanto, se você vai alisar os cabelos, seja estratégico sobre isso. Mantendo o cabelo hidratado, juntamente com um tratamento semanal profundo, evitando o uso contínuo de ferramentas de calor e utilizando tônicos e higienizadores suaves para minimizar os danos na raiz.

Quais cuidados devo ter após o uso de progressiva? 

Se você é daquelas que não dispensa os alisamentos com progressivas ou outras químicas relaxantes é importante saber que os danos existem e os cuidados são essenciais. 

Uma vez com dano, o cabelo não retorna ao seu estado natural e os cosméticos servirão como forma de nutrir, hidratar e proteger os cabelos. 

Além disso, após as progressivas é muito comum uma enorme descamação e oleosidade no couro cabeludo, sendo muito necessário o acompanhamento de um terapeuta capilar e o uso de um shampoo adequado. 

Caso o seu couro cabeludo apresente irritabilidade, descamação e oleosidade excessiva, não utilize shampoos pós-progressivas. Utilize shampoo que atenda a real necessidade do seu couro cabeludo: shampoo para sensibilidade, caspa e oleosidade. 

Se for utilizar calor, use um bom protetor térmico e não faça o procedimento químico de alisamento mais de duas vezes por semestre, para evitar ressecamento excessivo e quebra capilar. 

Certifique-se de usar um tratamento de reconstrução na semana seguinte ao relaxamento do cabelo e fique longe do sol excessivo que resseca ainda mais o cabelo. 

Agora é preciso pensar que, com a progressiva, você tem um cabelo mais frágil e que precisa de cuidados especiais. 

Cronogramas capilares com máscaras de reconstrução, hidratação e nutrição costumam dar um bom resultado para tratamento de cabelos com progressivas. Não abra mão dos tratamentos. 

Esperamos que o nosso guia sobre a progressiva tenha te ajudado a decidir o que é melhor para o seu cabelo nesse momento. Antes de ir, leia também o nosso conteúdo com dicas para escolher os melhores produtos para o fio!

Até mais!